Relato de Marcelo Torrone sobre o segundo show europeu do Wandula, em Gossau na Suiça, o primeiro foi em Zurich, e o terceiro será hoje em St. Gallen.
Ontem foi o dia da Festen.
Tocar em Gossau, foi mais que uma experiência musical ou um concerto a
mais,foi uma emoção bastante particular para a banda, pois estavamos tocando
numa praça, ao ar livre, onde outrora corria criança a peça feminina mais
importante da banda, a Edith. Atras de nós , a igreja em que ela foi batizada,
as paredes velhas que testemunharam seus dias em sua cidade natal. A nossa
frente, umas 100 pessoas, com sorrisos vibrantes,olhos alegres e com ar de
quem está no quintal de casa, esperando para ver o que a mocinha rebelde e
viajante quer mostrar.
As 20h40, Dominiq , o cunhado, anunciou a banda e entramos recebendo
mais sorrisos e palmas.Começamos legal com a boa e velha "Som Tardio" .
Depois de "L'Homme aux...", veio o primeiro nervoso. me perdi um pouco e
acabei atrapalhando a Edith em "Tenho os Olhos...". Putain, ficou meio
estranho mas passou. Terminamos com a cara vermelha mas com a certeza de que
dali pra frente a coisa se encaixava. A Edith tava calma como uma porta, e
eu absorvi todo o nervoso dela. Tive que me concentrar, e segurar a onda
para não vacilar, mas depois tudo correu bem. O nervoso passou mas o frio
começou a chegar, já estava anoitecendo. Dali duas musicas eu tinha que
tocar sozinho "Rocambolesco", e meus dedos estavam endurecendo de frio. Não
era um frio extremo , mas eu sinto frio fácil. Tive então que pedir pro Dani
buscar meu canguru lá em cima, enquanto tocávamos a próxima música.
Coloquei o pulle, e meus dedos começaram a voltar. E seguimos para o fim do
concerto numa boa, sempre rodeados de crianças , terminando com duas solos da
Edith e um bis com os três, " Encore une valse pour Amelie".
Depois foi a hora das flores, abraços e cumprimentos. Lembrei o quanto
estava longe , mas não de casa, do céu. Pensei nas imagens vistas da janela
do avião, e senti o quanto somos pequenos....e o quanto isso é bom, e o
quanto somos altos quando tocamos. E tudo continua...continua...continua...
Tinha até uma meia duzia de metaleiros, tomando cerveja no balcão, que
deram boas gargalhadas. Estavam todos muito alegres, felizes. E nós, ainda
tivemos o privilégio de meia página no Goz e no St Galler Tagblatt, os dois
principais jornais da cidade de Gossau, aquela que fica perto de St Gallen,
onde as raposas dão boa noite para os coelhos.
Nota no jornal St. Galler Tagblatt sobre o show de hoje.
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